LULA FOI MAIS
CARO QUE OS REIS DA EUROPA
Daniel Aguiar*
Recentemente o
país ficou chocado com os altos gastos de membros do Governo Federal,
efetivados com o chamado “cartão corporativo”. A edição nº 1997 da revista
IstoÉ chegou a falar em R$ 5,8 milhões, sacados na boca do caixa entre 01 de
janeiro de 2003 e 31 de janeiro de 2008 – um período de cinco anos, portanto –
para atender às despesas do Presidente, da Primeira Dama e de suas equipes.
Infelizmente,
estes valores são só a ponta do iceberg. Isso não chega a fazer nem cócegas no
real montante que custa a República brasileira.
Segundo
dados do sítio Contas Abertas, obtidos diretamente do Siafi (Sistema Integrado
de Administração Financeira do Governo Federal), no ano de 2006, o custo da
Presidência e da Vice-Presidência do Brasil foi de R$ 288.656.937,79 (isso
mesmo: duzentos e oitenta e oito milhões, seiscentos e cinqüenta e seis mil,
novecentos e trinta e sete reais e setenta e nove centavos). Em dólares: US$
165.012.826,00. Espere ainda um pouquinho antes de se comover, caro leitor:
esses dados vão somente até o dia 05 de setembro daquele ano!
Agora,
a parte interessante: no mesmo ano de 2006, a Coroa Britânica custou ao povo do Reino
Unido US$ 73.357.482,00; a Coroa Dinamarquesa, US$
15.650.879,00; já a Coroa Sueca, US$ 23.298.425,00. Somadas, as três gastaram,
no mesmíssimo ano de 2006, o montante de US$ 112.306.786,00 – ou seja, JUNTAS,
as três monarquias européias citadas gastaram em um ano inteiro quase 32% A
MENOS do que o Governo brasileiro gastou em 8 meses e 5 dias... agora sim, dá
pra ficar comovido.
Já que estamos falando de estatísticas, permitam-me só mais uma: a
monarquia britânica, considerada a mais cara de todas, custa por volta de US$
1,21 per capita ao contribuinte. A Presidência e a Vice-Presidência do
Brasil conseguem a notável façanha de extrapolar esse valor, cravando cerca de
US$ 1,34 per capita. Detalhe: enquanto o Reino Unido tem apenas 60,6
milhões de habitantes, o gigante Brasil já tem quase 184 milhões de almas, o
que significa três vezes mais gente pagando uma das maiores cargas tributárias
do mundo para sustentar essa corte republicana. (Depois me vêm certos partidos
que têm o grave vício de confundir “valores republicanos” com “valores
democráticos”).
Aí fica a pergunta: o quê afinal de contas é esse negócio de
“democracia” que todo dia a gente ouve falar, muitas vezes com a língua presa,
dizendo “democrafia”? Será que democracia é só obrigar um povo em grande parte
semi ou totalmente analfabeto a depositar um voto numa urna, quando esse povo
nem faz idéia de como diferenciar estadistas de demagogos? O povo preferia
ficar em casa aproveitando o domingo, pode apostar.
E já que, com
os 200 anos da chegada de Dom João VI, virou moda falar de reis novamente, veja
essa: até a monarquia brasileira, aquela que a gente estuda muito
superficialmente na escola, conseguia dar lição de moral nos nossos atuais
governantes. Alguns dados interessantes (desculpem, não consigo evitar): Dom
Pedro II recebia um salário de 67 contos de réis, e com a maior parte disso ele
fazia obras de caridade. Deposto o Imperador e proclamada a ré pública,
desculpem, a República, qual foi uma das primeiras providências do Marechal
Deodoro da Fonseca? Instituir para si um salário presidencial de 120 contos. Já
sei onde de fato começou a comilança.
Decerto
por estar “profundamente condoído” com o degredo de Pedro II e toda a sua
família (eles foram expulsos do Brasil à noite, pois se fosse de dia sabia-se
que o povo não os deixaria partir), o mesmo Marechal-presidente teve a idéia de
oferecer ao Imperador traído um bônus de 5.000 contos, uma espécie de “toma tua
parte e estamos quites”, a título de custeio da instalação da Família Imperial
no exílio. O último monarca do Brasil, Pedro II, que não tinha dívidas de
campanha, não precisava comprar apoio para formar sua base no Parlamento, não
precisava pagar a tapioca comprada com cartão corporativo e tinha uma sublime
combinação de amor pelo Brasil com vergonha na cara, replicou: “Quem são vocês
para dispor livremente do dinheiro do meu País”? E recusou a mamata. Morreu
pobre, velho e doente, desgostoso, porém honrado até o fim, num hotelzinho de
Paris. Para o túmulo, uma das únicas coisas que ele quis levar foi um
travesseirinho recheado de terra brasileira – literalmente.
É, caro
leitor, deve ser por tudo isso que Aristide Briand dizia: “Portugal é um país
pobre demais para poder sustentar uma república”. Ou talvez também tenham sido
essas as razões pelas quais Charles de Gaulle declarou: “O Brasil não é um país
sério”.
Mas
é certeza histórica que esse foi o motivo pelo qual a dona do 2º IDH e da 2ª
renda per capita mais altos do mundo, a Noruega, ao se tornar
independente da Suécia em 1905, preferiu instaurar uma monarquia: É MAIS
BARATO.
Agora,
fala sério: depois dessa, quem é que consegue achar absurdo o gasto com cartões
corporativos do Governo? Absurdos somos nós que engolimos tudo isso. God
save the Queen...
*Daniel Aguiar Novais é presidente do Círculo Monárquico de Montes Claros.
Quadro: MORDOMIA DE PRESIDENTE VALE MAIS:
País
|
Período
|
Gastos
(US$)
|
Reino Unido
|
2006/7
|
£37.400.000,00 = US$ 73.357.482,00
(US$ 1,21 per capita
no ano)
|
Dinamarca
|
2006
|
DKK 79.481.425,00 = US$
15.650.879,00
|
Suécia
|
2006
|
SEK
147.500.000,00 = US$ 23.298.425,00
|
Os
3 acima somados
|
Idem
|
US$
112.306.786,00
|
BRASIL
(Presidência e Vice-Presidência)
|
2002
|
R$
140.716.508,29
|
2003
|
R$
226.955.092,06
|
|
2004
|
R$
356.842.968,55
|
|
2005
|
R$
361.969.140,22
|
|
2006
(até 05/Set)
|
R$
288.656.937,00 = US$ 165.012.826,00
(US$ 1,34 per capita
no ano)
|
Fontes:
- www.contasabertas.uol.com.br
(com dados do Siafi)
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